Amo-te


Amo-te

Amo-te como a planta que não floriu
e tem dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.

Pablo Neruda



Ref. A011 (azul), A012 (branco), A013 (coral), A014 (pérola), A015 (preto)

Materiais - lucite
Cor - azul, branco, coral, pérola, preto

3,5 sabrinas (unidade)

A Flor Que És


A Flor Que És

A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor!
Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge,
tu perene Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.

Ricardo Reis



Ref. A007 (lilás), A008 (rosa), A009 (rosa translúcido), A010 (verde)

Materiais - lucite
Cor - lilás, rosa, rosa translúcido, verde

3,5 sabrinas (unidade)

Alegria Floral


Alegria Floral

Um dia em que a mulher nasça do caule da roseira
que cresce no quintal; ou um dia em que a nuvem
desça do céu para vestir de névoa os seus seios de flor:
seguirei o caminho da água nos canteiros
que me levam ao caule,
e meter-me-ei pela terra em busca da raiz.
Nesse dia em que os cabelos da mulher
se confundirem com os fios luminosos
que o sol faz passar pela folhagem;
e em que um perfume de pólen se derramar
no ar liberto da névoa:
procurarei o fundo dos seus olhos,
onde corre uma transparência de ribeiro.
Um dia irei tirar essa mulher de dentro da flor,
despi-la das suas pétalas, e emprestar-lhe
o véu da madrugada.
Então, vendo-a nascer com o dia,
desenharei nuvens com a cor dos seus lábios,
e empurrá-las-ei para o mar com o vento brando
da sua respiração.
Depois, cobrirei essa mulher que nasceu da roseira
com o lençol celeste; e vê-la-ei adormecer,
como um botão de rosa, esperando que a nuvem desça do céu
para a roubar ao sonho da flor.

Nuno Júdice

Ref. A004 (rosa), A005 (verde), A006 (coral)

Materiais - lucite
Cor - rosa, verde, coral

3,5 sabrinas (unidade)

Charneca em Flor


Charneca em Flor

Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago em mim?
Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor.

Florbela Espanca

Ref. A001 (azul), A002 (lilás), A003 (preto)

Materiais - Lucite
Cor - azul, lilás, preto

3,5 sabrinas (unidade)